terça-feira, novembro 13, 2007

Catarina


Como amar quem ainda nem conheço?

Como sentir falta daquilo que nunca toquei?

Como posso procurar semelhanças comigo mesma, se nem a vi?

Como saber que ela vai mudar a minha vida, mesmo à distância?


Não sei como, mas Catarina é assim. Mal chegou e já preencheu meu coração. Coração partido porque não posso estar com ela, segurar ela, parar aquele choro que eu ouço sem nunca ter ouvido.

terça-feira, agosto 28, 2007

O rio que passa pela minha aldeia



"O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele."
Alberto Caeiro




O que eu faço agora que não mais tenho o Tejo? Será que ainda é preciso navegar? Já desisti da promessa de ouro e nova vida na América. Nunca descobrirei o que há além dos corredores de Hércules, nem lutarei contra hidras e outros caprichos de Urano (aqui faço uma digressão para dizer que ao menos os caprichos são de um Deus que não foi destituído de sua posição celestial).


Não consegui passar pela dor de cruzar o Bojador. E agora retorno. Bandeiras a meio mastro. Houveram perdas na jornada. Não reconheço grande parte da tripulação. O mar pode ser traiçoeiro. Sirenas tentam nos atrair com uma promessa de felicidade, companhia, um caminho mais fácil.


Penso por que não aceitei a faustiana proposta das Sirenas. Já que não iria cruzar o Atlântico, deveria aceitar um pouco de felicidade fácil. Afinal, existe algo como felicidade fácil? Existe mérito em todo momento feliz. Mesmo que não duradouro, mesmo que não sustentável, essa pequena estrela pode nos guiar quando nossas bússolas não mais funcionam.


Mas afinal, foi guiada pelas estrelas que desisti do Tejo. Voltei ao rio que passa pela minha aldeia. Rio que eu nem conheço, nem sei donde vem ou para onde vai. Mas esse rio hoje é meu, muito mais do que o Tejo algum dia chegou a ser.

segunda-feira, junho 25, 2007

Perdas e derivados

Onde está a ligação entre Drummond e Los Hermanos? Em algum lugar pertubado da minha psique que precisa de conforto.

Nesta cidade do Rio,
de dois milhões de habitantes,
estou sozinho no quarto,
estou sozinho na América.

De dois milhões de habitantes!
E nem precisava tanto...
Precisava de um amigo,
desses calados, distantes,
que lêem verso de Horácio
mas secretamente influem
na vida, no amor, na carne.
Estou só, não tenho amigo,
e a essa hora tardia
como procurar amigo?


C´est la vie. Falei isso diversas vezes, mas agora noto a melancolia inerente a essas pequenas palavras.



Adeus você
Eu hoje vou pro lado de lá
Eu tô levando tudo de mim
Que é pra não ter razão pra chorar
Vê se te alimenta
E não pensa que eu fui por não te amar

Cuida do teu
Pra que ninguém te jogue no chão
Procure dividir-se em alguém
Procure-me em qualquer confusão
Levanta e te sustenta
E não pensa que eu fui por não te amar

É bom...
Às vezes se perder
Sem ter porque
Sem ter razão
É um dom...
Saber envaidecer
Por si
Saber mudar de tom

quinta-feira, maio 31, 2007

O que te faz levantar cada dia?

Eu sempre gostei de ir à escola. Eu realmente achava divertido. Por que tinha gente que não queria ir para a escola? Eu tinha a chance de encontrar com meus amigos (todos os meus amigos eram colegas de sala), aprender coisas novas e até esperava que a professora me chamasse para resolver um problema de matemática.
Hoje eu paro de manhã (ou talvez de tarde, acordar cedo nunca foi meu forte...) e me pergunto: por que estou levantando hoje?
Notei que não faço mais o que eu gosto. Até os 17 minha maior obrigação era o colégio, e esse sempre foi um trabalho tranqüilo. Tinham as eventuais provas de química que não eram lá tão agradáveis, mas mesmo nelas eu acabava conseguindo me sair bem. Fazia tudo sem grandes esforços.
Todos os dias acordava e nem questionava se valia a pena sair da cama. Tudo bem que se eu decidisse que não valia a pena, minha mãe estaria ali do meu lado e me obrigaria a "deixar de preguiça e ir logo para a escola", mas o ponto é: ela não tinha que dizer nada.
Hoje eu não gosto do que eu faço. Já falei essa frase diversas vezes, mas agora que eu vejo quanto ela é realmente séria. Não é algo para ser dito todo dia de manhã. Será que isso é ser adulto? Fazer o que você não gosta porque acha que deve fazer?


Digressão: Kafka
"Existe uma meta, mas não há caminho; o que chamamos caminho não passa de hesitação".
"O tempo é teu capital, tens de o saber utilizar. Perder tempo é estragar a vida."
"É como se alguém tivesse de subir cinco degraus de escada e uma segunda pessoa apenas um degrau, mas que, pelo menos para ela, é tão alto quanto aqueles cinco degraus juntos; O primeiro vai vencer não só os cinco degraus, mas também centenas e milhares de outros, terá levado uma vida ampla e muito fatigante, porém nenhum dos degraus que subiu terá sido para ele tão importante como, para o segundo, aquele degrau único, que não só pode subir, como passar por cima."

Ok, são só frases que eu gosto. Mas procurei elas porque parei muito para pensar em Kafka hoje. Sempre que leio Kafka, sinto uma agonia, algo que só os bons livros conseguem me fazer sentir. Um sentimento perto da revolta, só que mais brando, calmo. Um sentimento de desconforto com a situação que o protagonista está passando. Sempre pessoas ordinárias que são colocadas no meio de um absurdo (no sentido mais literal da palavra absurdo). Esse desconforto com o tempo é substituido pela sensação de comodidade. Gregor Samsa se acostuma com sua forma de barata.
Foi quando lia uma edição de Metamorfose que achei a caracterização que queria expôr aqui (sim, toda essa divagação tem um motivo). Kafka dizia que o homem pode se acostumar com tudo, desde que não tenha esperança que a situação se altere.
Isso me pegou de surpresa. Afinal, criada numa sociedade cristã na qual ululam histórias de mártires que aguentam coisas inimagináveis para nós, meros mortais, sempre achei que o homem poderia resistir a qualquer coisa se visse uma "luz no fim do túnel". Ou seja, se visse um motivo final, algo que no futuro o tirará desta situação pelo qual vale a pena lutar e persistir. A lenda do juízo final.
Mas o Kafka dizia era justamente o contrário, quando o homem não encherga uma saída, ele se acomoda. Não adianta lutar contra o que não se alterará, a situação passa a ser parte da vida. Gregor não é mais um homem que acordou como uma barata, ele realmente é uma barata.

O que isso tem a ver comigo? Eu ainda não me acostumei. Não me entreguei ao cotidiano. Dói, mas ao menos mostra que eu ainda tenho esperança.

sábado, abril 07, 2007

Sínteses

O que eu anda fazendo? Vamos por partes. Laboratório de química.
Sintetizei minha primeira substância, a famosa aspirina. Eu sou alérgica a esta substância em particular, é como se estivesse sintetizando meu próprio veneno.
Mas enfim, a maioria dos venenos são auto-sintetizados.






"A lágrima

- Faça-me o obséquio de trazer reunidos
Cloreto de sódio, água e albumina...
Ah! Basta isto, porque isto é que origina
A lágrima de todos os vencidos!

-"A farmacologia e a medicina
Com a relatividade dos sentidos
Desconhecem os mil desconhecidos
Segredos dessa secreção divina"

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Não comerei da alface a verde pétala


Conversa no msn.
*Marina* = Eu
Vitorugo = Torugo

[...]
vitorugo diz:
eu acho q ia aproveitar o carpete pra começar uma horta
vitorugo diz:
a horta ia resolver o seu problema
vitorugo diz:
vc ia ter q deixar ela sempre molhada
vitorugo diz:
ia abaixar a poeira
vitorugo diz:
e depois de 5 semanas, vc ia comer couve fresca, e não molho de tomate

*Marina* diz:
não curto plantas
*Marina* diz:
acho que elas são um desperdício de energia que poderia ser utilizado em seres mais divertidos
*Marina* diz:
como focas
*Marina* diz:
^^

vitorugo diz:
eh por isso q vou virar vegetariano
vitorugo diz:
odeio tanto as plantas q faço questão de comer elas, todas elas

*Marina* diz:
ledo engano! pela lei da oferta e da procura, qnt mais vegetarianos existirem no mundo, mas pessoas cultivarão plantas!

vitorugo diz:
na verdade, vc pode encarar isso como especie de campo de concentração de trabalhos forçados para plantas

*Marina* diz:
pode ser... mas meu ódio é mais no sentido do desperdício...
*Marina* diz:
pq a natureza gasta sua energia com plantas?
*Marina* diz:
mesmo que seja p elas serem torturadas
*Marina* diz:
pensa, considerando o universo um conjunto fechado, existe uma quantidade finita de energia
*Marina* diz:
consequentemente, cada vez que vc usa energia para produzir plantas, vc está diminuido a quantidade de energia potencial para as focas.

vitorugo diz:
isso eh culpa do capitalismo
vitorugo diz:
certeza
vitorugo diz:
eh muito mais barato fazer plantas do q focas
vitorugo diz:
a porra da planta eh soh verde
vitorugo diz:
e fica lah parada, naum sabe nem andar
vitorugo diz:
a coitada da foca tem q pular e ainda bater palmas, sem contar as milhares de pessoas q imitam elas sem pagar direitos de copyright

*Marina* diz:
isso mesmo!
*Marina* diz:
mas elas não querem copyrights! as focas são os seres mais revolucionários que existem
*Marina* diz:
por isso que o brasil não é relevante para a revolução. aqui existe uma quantidade ínfima de focas. e a maioria delas em cativeiro

[...]

vitorugo diz:
mas vc me deixou com a pulga atrás da orelha mesmo
vitorugo diz:
se as focas estão relacionadas com as revoluções
vitorugo diz:
talvez possamos trazer focas para o brasil
vitorugo diz:
e começarmos o socialismo!

*Marina* diz:
É uma ótima idéia
*Marina* diz:
talvez nós precisaremos da ajuda do Pinguim do Batman.
*Marina* diz:
ele era um comunista querendo criar as condições do socialismo florecer em Gothan City (veja a metáfora de ele congelar Gothan, tornando a cidade todo própria para a vida das focas)

vitorugo diz:
naum, naum concordo

*Marina* diz:
por isso que o Batman (defensor dos interesses ianque) derrotou ele

vitorugo diz:
como defensor da Detectives comics
vitorugo diz:
venho informá-la q o pinguim era stalinista
vitorugo diz:
tenho provas contundentes
vitorugo diz:
em um dossiê
vitorugo diz:
mas naum posso te mostrar
vitorugo diz:
mas ele era!
vitorugo diz:
o batman eh o defensor das liberdades homossexuais na nação americana!

*Marina* diz:
tudo bem... qnd eu falei comunista usei um termo abrangente. não descartei nenhuma tendência
*Marina* diz:
é aquela velha dicotomia: liberdade individual (batman) X liberdade social (pinguim)

vitorugo diz:
o batman defendia a liberdade anal

*Marina* diz:
hahahahahahahahahaha
*Marina* diz:
e há algo mais individual do que o ânus?
*Marina* diz:
pelo menos daqueles sóbreos

vitorugo diz:
ah sim, oportuno comentário: sóbreos
vitorugo diz:
poderiamos dizer então q o anus alcolizado eh o anus coletivo
vitorugo diz:
o ânus social, defendido pelo pinguim

*Marina* diz:
isso mesmo!
*Marina* diz:
ou seja, o batman e o pinguim acabavam tendo várias pontos em comum, mas nunca sentaram para ter uma boa conversa...
*Marina* diz:
falta de comunicação faz isso

vitorugo diz:
eh realmente, apesar de tudo, faltou eles sentarem juntos




"Não comerei da alface a verde pétala
Nem da cenoura as hóstias desbotadas
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem maior aprouver fazer dieta.

Cajus hei de chupar, mangas-espadas
Talvez pouco elegantes para um poeta
Mas peras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.

Não nasci ruminante como os bois
Nem como os coelhos, roedor; nasci
Omnívoro: dêem-me feijão com arroz

E um bife, e um queijo forte, e parati
E eu morrerei feliz, do coração D
e ter vivido sem comer em vão."
Vinícius de Moraes

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Fim de férias

Mais uma de Companhias Aéras, mais especificamente da Tam...

A epopéia:
Meu vôo saia de Aracaju 15h10 (todos os horários nesse post estãoem horário local), chegava em Salvador onde eu faria uma conexão para o aeroporto de Confins MG. Lá eu ficaria de molho um tempo no aeroporto e pegaria um vôo para Campinas. Minha chegada estava prevista para as 21h10.

Chego em Salvador e começa a confusão. Achei estranho que ao informar que eu teria uma conexão (que supostamente era conexão imediata) o funcionário da empresa me pediu para desembarcar e voltar pelo portão de embarque. Presumi que o outro vôo tinha atrasado (o que não seria surreal no aeroporto de Salvador, especialmente com os recentes eventos) e obedeci ao funcionário.

Para aqueles que conhecem o aeroporto de Salvador, devem saber que leva um certo tempo para desembarcar e voltar aos portões de embarque, é um aeroporto grande. Quando chego no lugar que me mandaram, o funcionário me avisa que aquele não era meu vôo, o que pensando bem foi até uma boa, ou eu poderia ter parado em Brasília. O funcionário vai atrás do meu vôo e diz que ele já partiu.

Ficam dois caras procurando ver se existia alguma outra conexão para eu fazer, até que decidem me mandar procurar a supervisão da Tam. Lá eu encontro na fila uma moça que queria chegar em Porto Seguro, mas devido a atrasos do vôo anterior também perdeu a conexão. Ela tinha vindo de Brasília, ido para Guarulhos e agora estava em Salvador. Já fazia umas 12h que ela tinha saído de Brasília...

Bom, sou atendida por uma funcionária bem confusa. Não sei porque em toda essa história ela é o único nome que eu lembro Verlúcia. Enquanto ela mechia em seu computador e não enchergava nenhuma boa opção para eu chegar em Campinas, fico pensado sobre seu nome:
Vera---------------Lúcia
Vera-------------Lúcia
Vera-----------Lúcia
Vera---------Lúcia
Vera-------Lúcia
Vera-----Lúcia
Vera---Lúcia
Vera-Lúcia
VeraLúcia
VerLúcia
Verlúcia

Enquanto eu fico na minha alucinação sobre o nome dela, Verlúcia conversa com seu superior e com outra funionária. Depois de quase me mandar para Belo Horizonte como destino final, eles chegaram a um consenso. Aparentemente o próximo vôo para Campinas seria na madrugada. Tudo bem, fazer o que?

Eles me deram vauchers de taxi ida e volta para o hotel que iam me deixar, além de uma para alimentação. Eu voltaria para o aeroporto 22h, para pegar o vôo das 22h30 para Guarulhos. De lá pegaria um vôo das 6h50 para Campinas.

Até aquele ponto eu pensei: ok, imprevistos acontecem. Mas eles estão sendo legais, me deixaram em um hotel para descansar. Eu chego no hotel levando um sanduíche que comprei no aeroporto. O vauche de alimentação deles só era válido em restaurantes do aeroporto... Como queria chegar logo no hotel e descansar, decidi ir no Subway e pegar um sanduíche para viagem.

Liguei para meus pais, falei que estava tudo certo. Quando fui abrir o chuveiro para tomar um banho, o telefone toca. A Tam tinha ligado para o hotel e avisado para todos os hóspedes que tinham ido lá pela companhia fossem para o loby. Eles iriam mandar uma van para pegar a gente e mudar de hotel.

Chegando lá em baixo encontro aquela moça que queria ir para Porto Seguro. Ela estava bem mais revoltada do que eu, que até aquele momento ainda estava bem calma. Sem nenhuma explicação eles nos deixam 40min esperando pela van. Nessa hora começo a me tocar de uma coisa, em menos de 2h deveria voltar ao aeroporto sem descansar nada e ficaria a madrugada toda em Guarulhos. Faria muito mais sentido eles terem me dado um hotel para ficar lá...

Toda essa demora é para nos transferir para um hotel 3 quarteirões depois do que nós estávamos. Agora eu já estou irritada. Tinha ido para o hotel com um taxista de uma companhia cadastrada pela Tam. As outras não aceitariam meu vauche de transporte. Tinha combinado com o taxista para me pegar lá 22h para ir ao aeroporto, como mudamos de hotel eu não teria como pegar o taxi daquela companhia.

Consegui com o motorista da van um número da Tam (eles não têm nenhum telefone de atendimento ao cliente, pelo menos nenhum que esteja em nenhum material deles). Ligo para lá querendo resolver a questão do meu transporte e também para ver se era possível eu dormir em Salvador e pegar um vôo de manhã para Campinas, já que já tinha perdido o dia mesmo. Não queria passar a madrugada em Guarulhos.

Acontece que o número era do setor de bagagens deles, o único que tem serviço de atendimento ao cliente por telefone. Consegui com a Bia (achei que nã lembrava nenhum outro nome, mas lembrei o da moça do setor de bagagens!) o telefone da supervisão da Tam. Depois de 1h tentando ligar para eles, a Bia me fala que o pessoal da supervisão raramente fica na sala deles e que eu teria que continuar ligando até ter sorte de um deles atender.

Já muito puta da vida, decidi pelo menos tomar um banho. Fiquei mais 40 min ligando para a Tam e nenhuma resposta. Consegui o nome da companhia de taxi com uma funcionária do hotel e o número deles ligando no 102. Sem dormir nada e ainda muito irritada, vou para o aeroporto e pego o vôo para Guarulhos.

Nesse meio tempo minha mãe ligava para a Tam lá de Sergipe e foi muito mal-tratada. Diziam que a culpa era minha se eu tinha perdido o vôo e eu que devia me virar... Minha mãe já é nervosa com tudo, agora estava já desesperada.

Chego em Guarulhos umas 2h30 e tenho que esperar até 6h50 pelo vôo. Acho um daqueles bancos que não tem divisórias entre os dois e deito. Meu pescoço doi, então eu tiro o casaco e uso como travesseiro. Fico assistindo o jogo do Machester United contra os Celtics. Durmo na cadeira. Acordo mais tarde com frio. Visto o casaco, coloco uma pasta embaixo da cabeça, viro de lado e durmo.

Uma cena daquelas que já viraram tão comuns nos aeroportos do Brasil. Mas dessa vez não tinha como se culpar os controladores de vôo ou os radares precários e pontos cegos na Amazônia. Era tudo pura incompetência da Tam.

Finalmente acordo meio resfriada. Vou tomar um chocolate quente e um pão de queijo. O avião chega e parte quase vazio para Campinas. O vôo dura apenas 10min e eu não consigo deixar de pensar que eles podiam ter pelo menos me explicado o porquê da demorar, a razão pela qual me trocaram de hotel, o motivo de não terem nenhum tipo de atendimento ao cliente...

Enfim, chego a Campinas e mais um pequeno susto, minha bagagem não tinha chegado. Um senhor estava carregando as bagagens das pessoas daquele vôo que desciam em Campinas, já que só tinha eu e mais uma mulher com bagagens. Os dois outros jovens que desceram conosco levavam bagagem de mão. Pedem meu ticket de bagagem. Eu entrego ao senhor, avisando que era uma mala bem grande e vermelha, não deveria ser assim tão difícil de achar...

Mas a mala não estava no avião. Falei todo meu percusso, o vôo que peguei e qual realmente deveria ter ido. Falei que a Verlúcia em Salvador me assegurou que a bagagem estava em Salvador e que ela colocaria minha mala no vôo que eu peguei no final, indo para Guarulhos e Campinas.

Bom, pelo jeito ela não cumpriu o que disse, mas pelo menos minha mala estava em Viracopos. Ela tinha chegado um dia antes do que eu, no vôo que eu deveria ter ido. Chega até a ser engraçado porque eu já tinha imaginado que isso iria acontecer.

Finalmente pego um taxi e chego em casa. Uma casa que parece tão estranha agora. Deito em minha cama e tento dormir. Por muito tempo não consigo. Mas no final adormeço e simplesmente espero as férias terminarem e a vida recomeçar.