quinta-feira, outubro 26, 2006

Tempestade


Não!
Não faz sentido. Tínhamos tudo planejado. Todas as possibilidades de desfecho mapeadas. Todas as reações previstas. Todas as precauções tomadas.

Por que não deu certo? Sabíamos que seria difícil, mas apostamos que a gente dava conta.

Prever o futuro não é um passo para evitá-lo? Eu acreditava que sim. Acreditava em todos nossos cuidados. Achei que nossos receios iam ao menos servir para nos prevenir.

Para que serviu tanto planejamento? E conversas, e abraços, e promessas?

Realmente, o desfecho foi exatamente o que a gente previu. Mas esperávamos que por prevê-lo pudéssemos evitá-lo. A única coisa que a gente não previu foi a força do vendaval exterior e como ele poderia afetar a gente.

Nada me dói mais do que te ver sofrer e pensar que a causa dessa dor sou eu. Não consigo desfrutar da felicidade que deveria estar sentindo. A dor de te ver sofrer se mistura com a dor de sentir sua mágoa.

Tá você vai dizer que não tem nada a ver. Mas é verdade, nem que seja bem no fundo. Mesmo que você não queira me culpar. Mesmo não querendo sentir isso, você sente. Eu estou atrelada de algum modo a seu pesar.

Posso estar me precipitando. Não ter te dado nenhum tempo para processar, digerir. Mas é que passo a duvidar de todo esse meu cuidado. Por que deveria confiar na minha cautela? Ela que me levou a prever todos os cenários. Ela que depois me fez tomar todos os cuidados. Ela que nos afastou.

Seria mais fácil se a gente brigasse. Seria mais fácil pedir desculpa. Mas quando os dois agiram exatamente como deveriam, o que fazer?

Fingir e rir.

Nenhum comentário: